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Inveja (de branco)

Eu não sou uma pessoa particularmente invejosa, sabe. O Rodrigo Hilbert conseguir fazer a capela Sistina com sobras de caixa de papelão, a beleza inalcançável do Michael C Jordan ou a genitália (e talento) incomensurável do William Dafoe não me incomodam, ao menos não conscientemente. Teve algum momento ali da infância, que por ter uma auto-estima merda e por ser muito sozinho, que meu ego dissociou minha auto-imagem do meio e ela virou um sistema (que se finge) adiabático.

Então, ainda sim tenho um ponto fraco. Nesse prédio, alguns andares abaixo, tem um grandissíssimo filhodaputa que é pianista. É, isso mesmo, esse desgraçado fica tocando piano sublimamente, sem um fucking erro, coisa que sempre foi meu sonho e que eu quase consegui atingir há alguns anos. Comprei primeiro um teclado e depois um piano digital usado e, em suma, consegui aprender a ler e tocar, ainda que sem nenhum ritmo. Mas como Deus me desenhou com a mão esquerda, eu tenho uma tendinite muito forte em várias juntas, e chegou um ponto que eu não conseguia nem fechar a mão direito, mesmo tocando no máximo uma hora por dia. Vendi o meu piano junto com o meu sonho (??) e sublimei-o me apropriando culturalmente de vários povos reproduzindo seus pratos na cozinha e lendo notícias e papers freneticamente. E mesmo com essa pequena tragédia reumática, o meu vizinho tocava piano todo dia, e com a frieza de um executor, fazia as suas notas ressoarem todo dia na minha frustração e tendões deformados. Até que um dia esse CORNO teve a pachorra de tocar clair de lune, que era a música que eu mais gostava de tocar. Bem, ontem eu soube que ele precisou se mudar. Aparentemente o barulho da caixa d'água, que ficava defronte ao seu ap o atrapalhava demais, e ele foi pra outro prédio para região.
Poxa, que pena....mas de fato sons podem ser muito poderosos né...e ernegias também.
o Humberto Carrão, a minha versão gourmet, que tome um banho de sal grosso rs

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