Hoje é o aniversário do 7 a 1 e as palavras de Galvão "Por que? Por que?" olhando para os céus calam fundo em meu peito. Impossível não lembrar de Camus (?) e a sua solução para o absurdo, que é aceitá-lo sem resignação e revoltar-se. Mas aí eu me revolto contra o que? Contra a frieza de Kross? A maledicência de Khedira? Ou mesmo a ousadia lisérgica de Felipão, que colocou um garoto pré-pubescente para parar a Wehrmacht? Não sei. Tudo isso foi absurdo, e foi a segunda vez na minha vida que a realidade foi mais surreal que o sonho - a primeira havia sido no 11 de Setembro - mas seria mais uma entre outras nos anos que viriam.
Eu já invejei os jovem atuais que não eram consciêntes o suficiente pra entender (e lembrar) do nosso dia da infâmia, mas hoje acho que deveria ser o contrário. Talvez aquela humilhação fulminante, você olhar para o seu amigo e não saber o que dizer, enquanto a sua cunhada chora no sofá, tenha sido um batismo de fogo pro inferno dos últimos anos. Vice conspirando abertamente contra a Presidente (o que em House of Cards parecia forçado), juiz vazando áudio da mesma enquanto eu voltava do trabalho - e meu bairro convulsionava enquanto eu estava na rua, sem entender -, acidentes de avião nebulosos, expurgos lavajatistas a rodo e a prisão do Lula, russos fraudando eleições norte-americanas e por fim, o capitão fã de tortura que rotinizou e instrumentalizou o absurdo políticamente. Aquele singelo dia ajudou a forjar o nosso caráter para o nosso absurdo cotidiano, ao qual fomos lentamente desensitizados, pra tristeza do Camus.
Queria ser o David Luiz, que perambulava a esmo pelo meio-campo, como uma criança que corre pelo jardim e que arranca folhas inadvertidamente pelo caminho. E depois, vê a planta morta e cai em prantos. Eu, hoje, vejo isso tudo, mas não há pranto.
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